terça-feira, 4 de novembro de 2008

Diablo Cody

Abaixo, alguns trechos do texto publicado na revista Piauí desse mês.

“Em Janeiro de 2003, quando tinha 24 anos e estava cheia da cidade grande, me mudei de Chicago para Minneapolis. Como muitos corações solitários, tinha conhecido meu namorado Jonny na “perda de tempo mundial”, ou seja, na internet (especificamente num site sobre a fase psicodélica dos Beach Boys e a subseqüente derrocada do Brian Wilson rumo a terapia radical e todo aquele drama). Nosso namoro floresceu para o mundo real quando Jonny, do nada, me mandou um e-mail bastante curioso.
Ele tinha uma maravilhosa gravação pirata dos Beach Boys, um raro fragmento instrumental da música I’m in Great Shape, do final de 1966. Apenas uma elite de gordos que não compartilha nada com ninguém tivera acesso à gravação, mas Jonny galantemente a ofereceu para mim como se fosse uma gardênia sonora.
Como uma virgem poderia resistir aquele vinil? Aceitei o símbolo de amor nerd com um desmaio devidamente criptografado e protegido de vírus cibernético, e um romance acabava de nascer. Imediatamente atirei meu namorado da época no fundo do poço com a força de uma bazuca. Logo enviávamos um ao outro fitas de músicas extremamente confessionais (nada simboliza melhor o amor verdadeiro do que fitas cassetes cinzentas com os nomes das músicas escritos a mão).”

“Inspirada pelos talentos musicais de Jonny, tentei aprender a tocar, mas, quando finalmente fiz um teste para uma banda de eletropop, os membros do grupo me olharam como se eu estivesse peidando o tema de Mahogany, aquele filme brega com a Diana Ross. Fiquei chateada com a rejeição, e meu baixo rapidamente adquiriu uma grossa camada de poeira, o que foi realmente uma merda, porque eu queria ter uma presença de palco como a da Kim Gordon, do Sonic Youth, ou da Kim Deal, dos Pixies, ou de qualquer baixista de cabelos lisos escorridos chamada Kim que tenha sido minha heroína na adolescência.”

“Além disso, eu secretamente imaginava todas as strippers como membros de uma irmandade muito unida, que compartilhavam piadas picantes engraçadíssimas, trocavam fantasias, bebiam Gim e cuidavam de bebês das outras nas noites de folga.”

“Lição número um: até uma garota que acabou de parir pode ser glamurosa com os sapatos certos.”

Um comentário:

Unknown disse...

concoro em no. e grau com a ultima parte... o resto do texto é tu cara...kkk